segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dizer que aprendi



Tenho medo e como boa pisciana sofro por antecipação. Dou um passo e já penso nos próximos dois que irei dar. Fico me cuidando, me guardando, insegurança pura e mais uma vez, o medo de sofrer.

Na semana que passou completaram-se 4 meses que perdi meu pai. Minha mãe numa atitude mais forte que eu tirou o "luto" do Orkut. Apesar de eu saber muito bem que dentro de nós o luto é eterno. Mas aonde quero chegar falando isso? Aí vaí uma historinha...

Passei a virada do ano no Rio de Janeiro e curti minhas mini-férias lá. Quando voltei anuncei pra minha família que depois da minha formatura aquele era meu destino (coisa que minha mãe sabia desde que eu tava na barrida dela). Arriscar e dar a cara a tapa longe de Porto Alegre.

Como sempre meu pai não me falou "nada". Na verdade ele sempre soube a hora certa de falar. Desde então começei a contar os dias para voltar para a capital carioca no carnaval. Seria meu aniversário e o presente de meu pai foram as passagens.

Infelizmente ele piorou muito na véspera da minha viagem e foi hospitalizado. Na quinta-feira anterior ao meu voo fui visitá-lo no hospital. Meu coração estava apertado e não sabia se ia ou ficava. Não tinha arrumado nada, malas, roupas, nada. Ele nem sabia disso e mesmo assim estava todo contente ao ponto de me dejesar boa viagem.

Na quinta-feira de manhã, como sempre, fui a primeira a entrar na emergência no horário de visita. Ao ver que não fui viajar meu pai chorou (quem o conhecia sabia que era um homem MUITO emotivo), disse que não tinha o direito de me privar das coisas. Contou as histórias que eu já sabia. Falou do que viveu na juventude. Estudou porque tinha ganhado bolsa dos Maristas e tudo era dividido entre os 12 irmãos. A verdade é que ele ficou bravo, não tinha admitido aquilo, não aceitou que eu tinha ficado em Porto Alegre.

Claro que eu fiquei com dois corações. Acabei ficando em Porto Alegre e pra variar me envolvi nas coisas da minha querida Imperatriz Dona Leopoldina. No dia da apuração do carnaval ele torceu comigo. Assim que saiu o resultado comentou: "não era pra tu ter ido".

Sim, não era pra eu ter ido. A Imperatriz desfilou como campeão no dia do meu aniversário, baita presente! Porém não era pra tu ter ido 3 dias antes do meu aniversário, pai.

Muitas pessoas me viram desfilar poucos dias depois da morte do meu pai. Mas poucas sabiam que isso era minha obrigação. Pois tenho certeza que se eu ficasse em casa ele ficaria muito bravo outra vez.

Você, raro leitor, talvez ainda não tenha entendido o que estou querendo falar. Sabe aquela música do Tim: "ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir, tenho muito pra contar, dizer que aprendi".

Aprendi a ouvir meu coração! Ele sempre dá as respostas corretas.
Já disse, não sou a Helena, mas aprendi a viver a vida!

Então, que isso sirva de resposta mais uma vez para a própria autora deste blog.

Um comentário:

Liege Freitas disse...

Sério, as vezes vc parece ser mais um um simples corpinho e mostra que tem muita cuca. Te amo colegaaaa!!!