domingo, 20 de fevereiro de 2011

A voz do coração

"Cada um pode com a força que tem na leveza e na doçura de ser feliz".

Essa frase é trecho de uma música da Vanessa da Mata, cujo título é "Onde ir". A letra é simplesmente linda e a composição da música muito mais. Hoje ouvi ela e lembrei que uma querida amiga me dedicou esta frase no meu aniversário ano passado. Parei, ouvi, senti e refleti...


Ouvir o coração...

Ano passado meu pai partiu três dias antes do meu aniversário, além disto era carnaval. Já imaginou meu aniversário no carnaval? É juntar a fome com a vontade de comer! Mas infelizmente nem tudo sai como planejamos. Resolvi ouvir meu coração e abri mão do presente de aniversário que tinha ganhado dele mesmo. Deixei de ir para o Rio de Janeiro e escolhi ficar ao lado dele e da minha família. Fiz a escolha certa, pois fiquei ao lado dele até seu último suspiro.

Meus amigos não deixaram de comparecer em momentos tão antagônicos: no enterro do meu pai e depois no meu aniversário. Alguns deles me deram um presente extremamente simbólico, lindo e criativo. E lá neste presente consta a frase de abertura deste post.

Não se completou nem um ano que ele partiu e lá se foi ao encontro dele minha mãe. Desta vez ela nos deixava também três dias antes de seu aniversário. Assim como meu pai minha mãe "convivia", lutava diariamente contra um câncer, e ambos sempre me permitiram e me incentivaram a fazer tudo e nunca abrir mão de nada. Porém mais uma vez resolvi ouvir meu coração. Dos inúmeros convites que recebi para festejar o reveillon longe de casa escolhi ficar ao lado de minha mãe e minha família. Esta é outra escolha da qual não me arrependo, pois também fiquei ao lado dela até o último suspiro, aliás, suspiro profundo diga-se de passagem.

Minha mãe lutou até o último minuto, nunca se deixou abater, desde 2006 enfrentou o câncer de frente. Em seus últimos dia de vida, já hospitalizada, mesmo não conseguindo falar direito por causa do tubo de oxigênio fazia piadas. Vaidosa como sempre pediu que eu fizesse suas unhas. Fez planos, queria mudar os móveis de lugar em casa, estava de malas prontas para ir visitar meu tio em Santa Catarina, queria ir à praia, tomar cerveja e comer camarão.

Estou aprendendo muito com os últimos acontecimentos que ocorreram em minha vida. Os dois últimos anos não foram fáceis. Como disse no penúltimo post "é tempo de recomeçar"! Não sei se fui uma boa filha, sempre fui um pouco revoltada e muito desobediente. Mas diante de tudo isto tenho uma coisa bem clara dentro de mim: consciência e coração leves.

Não me arrependo das coisas que abri mão por meus pais. Poucos sabem, (aliás, acho que somente minha madrinha e meus pais), que havia ganhado uma bolsa de estudos na Espanha. Infelizmente essa oportunidade bateu a minha porta no mesmo momento em que descobrimos o câncer do meu pai. Lembro como se fosse ontem, do dia em que ele me chamou em seu quarto, e com os olhos cheio d´água, pois era muito emotivo, naquela conversa particular de pai para filha, disse que deveria ir. Não fui.

A melhor escolha que pude fazer, assim como nos outros momentos que já contei aqui, foi ter ficado em casa. Sou insegura e indecisa, mas só acertei "onde ir" pois ouvi meu coração.





Onde ir (Vanessa da Mata)


Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem (não vem)

Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei prá onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou

Eu não sei prá onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei prá onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Cada um sabe dos gostos que tem
Suas escolhas, suas curas
Seus jardins
De que adianta a espera de alguém?
O mundo todo reside
Dentro, em mim

Cada um pode com a força que tem
Na leveza e na doçura
De ser feliz.

3 comentários:

Marinha disse...

Teu coração deve ter ouvido a alma, pois só ela sabe de tudo que é e será, Naty!
Com certeza, fizeste teus pais felizes por teres escolhido ficar juntos deles. Assim como farias se tivesse escolhido ir ganhar o mundo. Eles estariam felizes com qualquer uma de tuas escolhas, Naty. Quem ama de verdade fica feliz com a felicidade do ser amado (e os pais sabem fazer isso muito bem).
Aproveito para repetir, posso não ter estado em nenhum dos momentos a teu lado fisicamente. Sou fraca, admito. E ainda estou a me curar de minhas perdas. Mas saiba que assim como fico sabendo de ti aqui pelo blog, oro para que teus anjos tenham luz, e torço por ti, amiga.
Bjo e uma semana de sorrisos sinceros.

Letícia Nunes disse...

Oi Naty! Incrível tua forma de escrever! Combina a emoção do até breve a uma força e a esperança de lutar e seguir adiante! Neste momento era para euzinha estar me desfazendo em lágrimas, mas meu coração ficou cheio de amor e conforto!
Muito Obrigada por dividir tua vida e sentimentos!

Grande beijo Grande menina!

Natália Vitória disse...

Mara e Letícia, agradeço o carinho e as energias positivas de ambas. Obrigada por me acompanharem! Beijo no coração das duas!!!